segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Faxina da Alma


Hoje resolvi abrir o meu armário e dar uma geral, organizar mesmo.

Comecei empilhando as minhas roupas e logo percebi que ali tinham peças que há anos nem via. Quanto mais eu arrumava, mas observava aquelas roupas que não usava e nem usaria nunca  mais. Fui separando peça por peça e quando me dei conta, tinha um imenso monte de calças, blusas, vestidos que serviriam agora para doação, apenas.

Aquilo me deu um troço, sei lá, me inspirou a fazer isso também com os meus sapatos, até mesmo aqueles que já tem exatamente o molde do nosso pé, de tanto que usamos.

O sentimento de me "livrar" do velho, do usado, do guardado apenas pelo sentimento da posse, foi aumentando e se alastrando para outras áreas da minha casa e da minha alma.

Indo para a sala, decidi naquele momento que usaria todas as xícaras e taças mais raras da minha cristaleira no meu café da manhã e em todos os momentos do meu dia a dia rotineiro.

Tirei o talher do faqueiro, troquei as fotos dos portas retratos, mudei o sofá de canto, espalhei quadros guardados na casa inteira. Estava absolutamente realizada com aquilo tudo.

Foi quando percebi que essas limpezas estavam sendo necessárias também na minha vida.

Amigos por conveniência, elogios espalhados na busca da aceitação, vergonha das minhas fraquezas, minhas limitações, necessidade de reconhecimento, o Ter no lugar do Ser... tudo isso estava precisando ser limpo e organizado em mim. Joguei fora algumas lembranças e dores antigas, mágoas, tristezas, egoísmos, mentiras, arrogâncias, raivas.


Comecei a revirar as minhas gavetas da alma, buscando a minha verdadeira essência. Revirei tudo. Não sei se achei, mas nessa faxina de alma que iniciei hoje, consigo seguir a vida com muito mais sorrisos no rosto e  leveza, com certeza!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O TEMPO É OUTRO


E sabe o que eu acho? Que o tempo é outro.

E sabe o que eu penso? Que o tempo é curto.

Não tenho mais tempo para coisas pequenas. Não tenho mais saliva para pessoas pequenas... As engulo (quando consigo!) no seco.

O meu ânimo para a insatisfação crônica, usada como justificativa pelos fracos, não é mais o mesmo. Esses mesmos fracos que tem como base sentimentos sujos e azedos como a ingratidão, egocentrismo e o egoísmo e que deixam o mundo mais sombrio e sem cor.

O tempo de culpar os outros pelos nossos fracassos, passou. O tempo de jogar nos outros a culpa de não sermos felizes, passou. O tempo de correr desesperadamente em busca de um sucesso e de um reconhecimento, moldado em fama ou posição social, passou.

O tempo é outro.

É tempo de brincar com os filhos e tomar banho de chuva como na infância. É tempo de comer pão com manteiga e se deliciar, tempo de andar mais a pé, de ligar para os amigos distantes, de abraçar mais os conhecidos, de dizer mais que ama, de rir, com a boca e os olhos, de ter mais paciência, de pedir perdão verdadeiramente, de ouvir muita música, alimentando a alma, de ser mais generoso e menos negativo, de compartilhar, de agradecer.

Aquele tempo de poder, de olhar de cima para baixo, de pisar, de guardar mágoas, traumas e medos, passou.

Estão nesse tempo apenas os ignorantes, os que evoluem na velocidade de uma tartaruga velha e cansada.

É tempo de gente, não de coisas.

O tempo é outro...


Katharina Gurgel