sexta-feira, 11 de abril de 2014

TEXTO AOS EGOCÊNTRICOS






Ei, você! Isso, você mesmo. Você que se considera o dono do universo e Rei dos Reis. Não está se reconhecendo não? Não é você que se auto-intitula o mais justo, correto e coerente, e que sempre demonstra um falso entendimento aos comentários e pensamentos alheios? O seu tempo está passando, viu?

Sabe, estou começando a achar que não tenho fôlego para mergulhar nas águas turvas do oceano dos egocêntricos. Para esses, que tem a total certeza de que todos comungam das suas opiniões, suas conclusões, suas "verdades", e não compreendem que fazem parte de uma sociedade, dou-lhes as minhas costas. 

Não lhe tratarei mal, de jeito nenhum, não é do meu feitio tratar mal ninguém, amo o ser humano e possibilidade de ser humano, mas certas atitudes dessa espécie desprezo absolutamente. 

A você que tem a personalidade que considera que tudo gira ao seu redor, indico alguns exercícios práticos que podem, talvez, trazer-lhe um pouco mais de consciência e humildade: tardes das terças no asilo, ajudando auxiliares de enfermagem em seus ofícios; permanecer, no mínimo, três horas por dia sentado num banco de alguma praça da cidade bem movimentada, observando e anotando detalhes dos passantes e dos "moradores" daquele espaço; sábados inteiros em algum cemitério da cidade, de preferência aqueles que mantêm bancos próximos aos túmulos, que costumam sempre ter algum parente sentado, alguém que amava aquela pessoa e que agora só tem a lembrança como companheira. São exercícios simples, baratos, mas que podem trazer ótimos resultados.

O sempre certo no trabalho, o que tem os melhores argumentos, o que precisa ser constantemente elogiado e ter as suas ações atendidas sempre com aprovação de todos, o mais justo, o mais competente, o que tem no padrão de aceitação a sua moeda e que só dá importância às suas vontades, pensamentos e necessidades (priorizando-se de uma forma cega), o que fica mal com o sucesso alheio, a minha pena e nada mais.

"Nós poderíamos ser muito melhores se não quiséssemos ser tão bons."
Sigmund Freud

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

TER 40 ANOS

Sinceramente, ter 40 anos é o máximo!

Pensei que essa data iria demorar muito, tipo uns 60 anos sabe? Mas não, ela chega logo, bem sorrateira e sorridente, como quem acabou de receber um presente especial.

Me sinto absolutamente bem aos 40. Minha energia, minha vontade de viver andam muito maiores do que quando tinha a metade dessa idade.

Sou uma excelente companhia para mim mesma e me divirto uma noite inteira, dando risadas dos meus erros e aplaudindo os meus acertos.

Assumo os meus medos e as minhas preferências sem nenhum tipo de constrangimento. Conheço o meu corpo, o meu cabelo, o meu paladar, os meus desejos, e os respeito muito.

Com 40, digo um "Não" como quem come biscoitos de nata com um café expresso, com puro prazer. Delícia!

Sei exatamente das coisas e das pessoas que gosto e que não gosto. Essa parte é maravilhosa, pois me deixa totalmente livre para o afastamento ou a aproximação.

Beijo intensamente, amo intensamente, perdoo intensamente, me calo intensamente, quando necessário.

Saboreio tudo com muito mais calma, percebendo detalhe, e sinto os verdadeiros gostos das aventuras que com os 20, 30 anos, não tinham sabor algum, apenas aconteciam.

Não lembro tanto mais do passado como lembrava antes, o que me importa agora é o presente, com os meus pés no chão, sentindo, provando, sendo.
Sou muito mais mulher e gente agora, quarentona.

Com 40 assumo mais os meus defeitos (e escondo outros!), procuro hábitos de vida mais saudáveis (mas as vezes não os acho!), respeito a minha barriga e as minhas celulites (elas fazem parte da minha história, ora!), busco a verdade em tudo (mesmo que as vezes usando de umas mentirinhas totalmente necessárias!), faço que não ouvi (quando julgo descartável!) e disfarço minhas rugas de expressão externas com excelentes corretivos e bases (as internas, as guardo, para servir de consulta de vez em quando!).

E ainda tenho a certeza de ser muito mais agradável, conveniente e sincera hoje em dia.

Queridos, ter 40 anos é como ter qualquer idade, só que com muito, muito mais liberdade!




segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Faxina da Alma


Hoje resolvi abrir o meu armário e dar uma geral, organizar mesmo.

Comecei empilhando as minhas roupas e logo percebi que ali tinham peças que há anos nem via. Quanto mais eu arrumava, mas observava aquelas roupas que não usava e nem usaria nunca  mais. Fui separando peça por peça e quando me dei conta, tinha um imenso monte de calças, blusas, vestidos que serviriam agora para doação, apenas.

Aquilo me deu um troço, sei lá, me inspirou a fazer isso também com os meus sapatos, até mesmo aqueles que já tem exatamente o molde do nosso pé, de tanto que usamos.

O sentimento de me "livrar" do velho, do usado, do guardado apenas pelo sentimento da posse, foi aumentando e se alastrando para outras áreas da minha casa e da minha alma.

Indo para a sala, decidi naquele momento que usaria todas as xícaras e taças mais raras da minha cristaleira no meu café da manhã e em todos os momentos do meu dia a dia rotineiro.

Tirei o talher do faqueiro, troquei as fotos dos portas retratos, mudei o sofá de canto, espalhei quadros guardados na casa inteira. Estava absolutamente realizada com aquilo tudo.

Foi quando percebi que essas limpezas estavam sendo necessárias também na minha vida.

Amigos por conveniência, elogios espalhados na busca da aceitação, vergonha das minhas fraquezas, minhas limitações, necessidade de reconhecimento, o Ter no lugar do Ser... tudo isso estava precisando ser limpo e organizado em mim. Joguei fora algumas lembranças e dores antigas, mágoas, tristezas, egoísmos, mentiras, arrogâncias, raivas.


Comecei a revirar as minhas gavetas da alma, buscando a minha verdadeira essência. Revirei tudo. Não sei se achei, mas nessa faxina de alma que iniciei hoje, consigo seguir a vida com muito mais sorrisos no rosto e  leveza, com certeza!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

O TEMPO É OUTRO


E sabe o que eu acho? Que o tempo é outro.

E sabe o que eu penso? Que o tempo é curto.

Não tenho mais tempo para coisas pequenas. Não tenho mais saliva para pessoas pequenas... As engulo (quando consigo!) no seco.

O meu ânimo para a insatisfação crônica, usada como justificativa pelos fracos, não é mais o mesmo. Esses mesmos fracos que tem como base sentimentos sujos e azedos como a ingratidão, egocentrismo e o egoísmo e que deixam o mundo mais sombrio e sem cor.

O tempo de culpar os outros pelos nossos fracassos, passou. O tempo de jogar nos outros a culpa de não sermos felizes, passou. O tempo de correr desesperadamente em busca de um sucesso e de um reconhecimento, moldado em fama ou posição social, passou.

O tempo é outro.

É tempo de brincar com os filhos e tomar banho de chuva como na infância. É tempo de comer pão com manteiga e se deliciar, tempo de andar mais a pé, de ligar para os amigos distantes, de abraçar mais os conhecidos, de dizer mais que ama, de rir, com a boca e os olhos, de ter mais paciência, de pedir perdão verdadeiramente, de ouvir muita música, alimentando a alma, de ser mais generoso e menos negativo, de compartilhar, de agradecer.

Aquele tempo de poder, de olhar de cima para baixo, de pisar, de guardar mágoas, traumas e medos, passou.

Estão nesse tempo apenas os ignorantes, os que evoluem na velocidade de uma tartaruga velha e cansada.

É tempo de gente, não de coisas.

O tempo é outro...


Katharina Gurgel