Ei, você! Isso, você mesmo. Você que
se considera o dono do universo e Rei dos Reis. Não está se reconhecendo não?
Não é você que se auto-intitula o mais justo, correto e coerente, e que sempre
demonstra um falso entendimento aos comentários e pensamentos alheios? O seu
tempo está passando, viu?
Sabe, estou começando a achar que não
tenho fôlego para mergulhar nas águas turvas do oceano dos egocêntricos. Para
esses, que tem a total certeza de que todos comungam das suas opiniões, suas
conclusões, suas "verdades", e não compreendem que fazem parte de uma
sociedade, dou-lhes as minhas costas.
Não lhe tratarei mal, de jeito
nenhum, não é do meu feitio tratar mal ninguém, amo o ser humano e
possibilidade de ser humano, mas certas atitudes dessa espécie desprezo
absolutamente.
A você que tem a personalidade que
considera que tudo gira ao seu redor, indico alguns exercícios práticos que
podem, talvez, trazer-lhe um pouco mais de consciência e humildade: tardes das
terças no asilo, ajudando auxiliares de enfermagem em seus ofícios; permanecer,
no mínimo, três horas por dia sentado num banco de alguma praça da cidade bem
movimentada, observando e anotando detalhes dos passantes e dos
"moradores" daquele espaço; sábados inteiros em algum cemitério da
cidade, de preferência aqueles que mantêm bancos próximos aos túmulos, que costumam
sempre ter algum parente sentado, alguém que amava aquela pessoa e que agora só
tem a lembrança como companheira. São exercícios simples, baratos, mas que
podem trazer ótimos resultados.
O sempre certo no trabalho, o que tem
os melhores argumentos, o que precisa ser constantemente elogiado e ter as suas
ações atendidas sempre com aprovação de todos, o mais justo, o mais competente,
o que tem no padrão de aceitação a sua moeda e que só dá importância às suas
vontades, pensamentos e necessidades (priorizando-se de uma forma cega), o que
fica mal com o sucesso alheio, a minha pena e nada mais.
"Nós poderíamos ser muito melhores
se não quiséssemos ser tão bons."
Sigmund Freud